90 dias de saudades
Era o dia 10 de setembro de 2012, início de semana quando a triste notícia chegou, mas por sua vez o céu inteiro se alegrou para receber de volta um anjo que Deus tinha presenteado para Valença.
Jaci Vieira Lacerda, valenciana com 78 anos de idade, mãe de uma filha, possuía duas netas e era pertencente da Família Vicentina de Valença, ou seja, a católica Associação São Vicente de Paulo, sob a coordenação do incansável e nobre confrade Sr. Elísio Paes Muniz, nossa saudosa irmã era responsável por um grandioso trabalho em benefício da comunidade mais carente, sofrida e esquecida da cidade: conseguia angariar cestas básicas, roupas e brinquedos para as famílias mais necessitadas, desenvolvia um trabalho social aposentando e orientando idosos, escrevia cartas pedindo providências para Brasília e para as autoridades estaduais falando dos problemas enfrentados por muita gente menos esclarecida, muitos a chamavam de “Irmã Dulce Guerreira” ou “Anjo Bom de Valença”. Em vida, solucionou muitos problemas de várias pessoas, sem cobrar e recusar receber nenhum centavo, sempre invocava nos casos urgentes a proteção de Santo Expedito.
Trabalhou em nossa prefeitura, depois foi aprovada num concurso federal e sempre com compromisso em suas ações, tratava bem todas as pessoas, pois, ela defendia a tese de que todo funcionário público deveria prestar o seu trabalho com educação e se colocando sempre no lugar daqueles que são os beneficiários pela determinada atividade executada.
Correspondeu numa das primeiras pessoas da cidade de Valença que datilografava avaliações escolares e documentos confidenciais, cobrando valores insignificantes, apenas para poder ajudar nas despesas do lar, sem contar as suas costuras de ganho.
Depois que se aposentou, dedicava-se a desenvolver prestações de serviços voluntários para aqueles que confiantes no seu trabalho, recorriam a ela em busca de auxílio, orientação e por sua vez imediata solução. Era uma pessoa útil! Não ficava acomodada diante das situações que vivenciava, era bastante ativa e cheia de coragem!
Sendo um verdadeiro “Evangelho Vivo”, testemunhou o serviço aos irmãos, sendo modelo de disponibilidade para com o outro e vencendo vários obstáculos que encontrava em seu caminho. Foi uma nobre moradora do bairro da Urbis, que buscou promover de forma honesta e com transparência benefícios para aqueles que estavam ao seu redor. Não saía da Câmara de Vereadores, do Fórum, do INSS e de outras instituições resolvendo problemas diversos, muitas pessoas achavam até que ela era uma funcionária destes lugares, como se fosse “polivalente!”. Estava presente em tudo e em todos! Exigia dos que eram de direito, o respeito para as pessoas idosas e deficientes que costumavam ser desrespeitados nas filas dos bancos. Aos domingos, era sagrado o seu passeio à Praia do Guaibim, para caminhar e catar conchinhas,... Ela sempre me dizia que caminhava sempre conversando com Deus. Agradecendo a Ele pelas maravilhas que realizou em sua vida e por as conquistas em favor dos mais necessitados.
D. Jaci Vieira Lacerda, faleceu no Hospital das Obras Sociais de Irmã Dulce, praticamente à sombra da Basílica de Nosso Senhor do Bonfim, durante vários anos comigo, ela caminhava em direção à Mansão da Misericórdia pois sentia a necessidade
de renovar a sua fé aos pés daquele que é caminho, verdade e vida. A presença última dela na capital tinha por finalidade de cuidar de uma de suas irmãs, cumpriu portanto a sua missão servindo ao semelhante, foi de fato, uma mulher brasileira “que não foge a luta” como nos exorta o Hino Nacional e uma cidadã que deve sempre ser lembrada em nossos corações agradecidos. Até o céu! Minha “Tia” Jaci, interceda amiga e companheira pelo povo da Terra de Nossa Senhora do Amparo e do Sagrado Coração de Jesus, para que possamos ter dias melhores. Descanse em paz!
*Joselito Santos Cardim