Nossa Senhora das Dores
No último dia 15 de setembro, Valença comemorou a secular e memorável festa católica dedicada a Mãe de Jesus, invocada sob o título de Nossa Senhora das Dores. Mas, por que esta denominação mariana, Nossa Senhora das Dores?
Tudo na vida de Nosso Senhor Jesus Cristo é um convite para aprofundarmos em sua infinita misericórdia por nós, seu nascimento, sua infância, sua mocidade, sua juventude, sua dolorosa morte, gloriosa ressurreição e ascensão aos céus. Semelhante ao filho, a Virgem Maria, também ocupa um lugar todo especial na história de nossa salvação, pois, foi por meio dela e pelo seu “sim” que o Salvador veio a este mundo dar testemunho das glórias do Altíssimo. Nossa Senhora das Dores é uma menção aquele momento crucial e derradeiro da sexta-feira santa, quando durante a crucificação de Nosso Senhor Jesus Cristo, a sua e nossa mãe estava de pé junto a cruz (Cf. Jo 19,25). Imaginem que cena dolorosa, uma mãe vendo seu filho injustamente sendo crucificado inocentemente, apenas por defender a lei do amor e da vida em plenitude. Naquele instante realizava-se a profecia de um ancião chamado Simeão, onde há 33 anos atrás quando Jesus ainda era uma criancinha, no templo proferiu estas palavras para Maria: “Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel... Eis que uma espada de dor te transpassará a tua alma” (Cf. Lc 2, 34-35). Nos dias de hoje, olhamos com carinho e veneramos Nossa Senhora das Dores, pelo fato dela também ser solidária com nossas dores. Uma canção melodiosa diz tudo isso: “Quando eu sentir tristeza, senti a cruz pesar, ó Virgem Mãe das Dores de Ti vou me lembrar”. Quantas mulheres em nossa sociedade se identificam no sofrimento como o da Mãe de Jesus? Mães que perdem os seus filhos por motivos banais, mulheres que sofrem discriminações vítimas de uma sistema machista e patriarcal, senhoras que assim como Maria recebem em seus braços, seus filhos/ netos desfalecidos...
Do alto da cruz o Senhor Jesus nos deu Maria por nossa Mãe e intercessora. Não é invenção da Igreja ou criatividade dos biblistas! São palavras de Jesus no evangelho de São João, capítulo 19, 26-27. Trata-se do testamento de Jesus e da nossa missão como autênticos cristãos. Antes de ser um mandamento de Jesus, é um mandamento do próprio Pai Eterno: honrar pai e mãe. Muitos tem medo e se questionam do porque pessoas acorrerem aos pés de Nossa Senhora, pois com certeza, acreditamos que junto da mãe está o seu filho. Tudo por Jesus, nada sem Maria! Peça a Mãe que o Filho atende! Qual foi a primeira palavra que pronunciamos em nossa vida? Quando éramos crianças e nos achávamos em perigo? Existiu na Inglaterra uma rainha chamada Vitória, todos os dias em seu castelo ela atendia muitas pessoas que a chamavam de vossa majestade, rainha, senhora, soberana,... mas o nome que ela mais gostava de ser chamada, os seus ouvidos ficavam na expectativa e seu coração batia mais forte era quando ela estava com seu filho e este te chamava de mãe! Nossas crianças e jovens precisam urgentemente valorizar mais as suas mamães, muitas se queixam dos desprezos, das rebeldias, da falta de amor. Neste tempo próximo da primavera, conhecida como a estação das flores, vamos todos aos pés da flor mais bela da criação? Observemos quando pudermos uma rosa, bonita externamente o seu botão, mas quando chegamos ao seu caule espinhoso... Hum! Assim também é nossa vida, viemos
ao mundo através das dores do parto de nossa genitora e apesar dos espinhos do dia a dia: impostos, explorações, cansaços, medos,... devemos reconhecer que a vida é bela. E mais bela será se estivermos na companhia de Jesus e de Maria.
Nossa Senhora das Dores é também causa de nossa alegria, pois, ela também se alegrou com a ressurreição de Jesus e se alegra mais e mais com seus filhos que a aceitam como mãe. O saudoso Papa, hoje Bem-Aventurado João II, já dizia: “o verdadeiro cristão, é aquele que é devoto (a) de Nossa Senhora”. Chamamos Maria de Nossa Senhora, porque ela é a Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, quem ama o filho, não pode desprezar a mãe! Amar somente o filho seria um amor incompleto, Ele não tem ciúme de nosso carinho por sua mãe. Qual o filho fica feliz e contente com alguém que não gosta de sua mãe? Meditemos na Sagrada Escritura e façamos uma reflexão interior- "E então Maria disse: Minha alma glorifica ao Senhor e meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão Bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas Aquele que é poderoso e cujo nome é Santo!" (Lc 1,46-49).
De Joselito Santos Cardim